Resumo
Pesquisas recentes têm identificado que os estudos para paz têm focado excessivamente na violência e nas causas da guerra. Num momento de crise dentro da disciplina, mudar o foco para as causas da paz poderia abrir espaço para novas e inovadoras pesquisas. Desta forma, esta pesquisa apresenta-se como um estudo exploratório. Seu objetivo é interrogar como estudar as causas da paz pode abrir espaço para novos questionamentos e hipóteses. Para isto, apresento neste trabalho uma confrontação entre as principais teorias das relações internacionais (neorealismo, neoliberalismo e construtivismo), os estudos para a paz e duas teorias propõem explicações para a emergência da paz. Estas são a teoria da paz democrática e a teoria do processo civilizatório. Entre todas as teorias e autores analisados, encontrei que a teoria construtivista e a teoria do processo civilizatório são as duas mais promissoras a nível de inovação. Uma vez que as duas teorias olham para como questões culturais e identitárias forjam a paz, eu cunhei três possibilidades de inovação: 1- o estudo da formação de identidades coletivas e de uma cultura de paz; 2- o estudo dos países ditos “mais pacíficos”; 3- abordagens metodológicas como análise histórica e de discurso. Para testar empiricamente se estas três hipóteses realmente jogam luz em métodos e teorias subutilizadas nos estudos para a paz, analisei as publicações do Journal of Peace Research, o mais importante jornal acadêmico da disciplina. Como resultado desta análise, encontrei uma substancial ausência de estudos sobre os países considerados mais pacíficos e sobre como questões culturais influenciam a paz. Como esperado, conceitos construtivistas e do processo civilizatório são subutilizados por académicos. Estas descobertas oferecem uma contribuição valiosa para pesquisas futuras que foquem nas causas da paz, ao invés do enfoque nas causas da guerra.